Acordo passava das sete e meia. Que chatice, logo hoje qu'é dia de Sabadal! Vocês não sabem mas eu demoro 1 hora, mínimo, para as funções matinais. Concentrado no essencial começo a despachar-me mas faltam 5 min pr'às 8 e ainda não estou pronto para rumar à garagem. Mensagem curta para MontiCadilha "Eh pá, estou 10 min atrasado!" Chego à bike e roda traseira em baixo. Toca a encher, que o furo é lento e aguenta o passeio sem despejar. Muito bem! Ponho os óculos chineses, enfio as luvas à pressa e chego num instante à sede fugidia, onde MontiCadilha, MontiLuis e MontiPedro me aguardam com um sorriso e decretam que tenho 20 min de atraso (nem refilo, embora ache que foram só 15!).
Nota: MontiPedro, invisível há uns meses por motivos profissionais, musicais e familiais (Monção, vinho verde), está com bom aspecto mas pouco moreno. Todos 4 ansiosos por aproveitar um dia que amanheceu delicioso!
Vamos lá pedalar.
Arrancamos no sentido da EN1, rumo à Mata do Paraíso. Na frente Luis e Zé Cadilha mantêm um andamento vivo e uns metros atrás o Pedro acompanha o senior que se mostra um tanto emperrado. Vialonga passada, no Quintanilho, zona dos armazéns, tomamos um trilho diferente para subir para a Mata do Paraíso, passando pelo alcatrão daquela urbanização que não chegou a ser. Mais acima internamo-nos na Mata e reagrupamos no estradão perto da estrada de Sta. Eulália. Depois de uns golitos de água e dois dedos de conversa retomamos a pedalagem e descemos o estradão, descontraidos, para atacar de seguida a saibrosa rampa em curva que obriga a meter "levezinhas". Vencida essa dificuldade, mim com a respiração já agitada, subimos ainda para atacar o desnível que há para a descansativa plataforma que dá ponto de partida para o troço de subida ao marco geodésico. Eu hesito e fico a pensar, não me apetece empurrar a bike, ao contrário dos meus companheiros que já se aviaram e estão à espera.
Desventura 2
Procuro passagem nas pedras e encontro maneira de facilmente passar para o outro lado, com a bicicleta à mão. Mas quero aproximar-me dos outros Montis e concluo, agora, que nova barreira de pedras mo impede. Sou obrigado a ir ao longo da barreira até que finalmente, com dificuldade, eu e a Ghost atravessamos. Intrigados com a manobra, os meus três companheiros perguntam-me qual o objectivo e eu tenho de confessar que tinha sido não me esforçar muito. Nenhum êxito nisso.
Mas ao menos a respiração já estava normal!
Continua a pedalação
Retoma-se a subida para o Marco Geodésico, os Montis concentram-se no esforço e chegam todos em boa condição, sendo o último este cronista, aplaudido com simpatia por MontiCadilha. Após a conveniente pausa para recuperar energia, lançamo-nos ao caminho para o trilho de descida para o Zambujal. Mas erra-se a pontaria, MontiLuis, e MontiCadilha com ele, são obrigados a voltar para trás e seguir pelo trilho habitual. Luis à frente, Pedro a seguir, eu em terceiro e Zé Cadilha em último, para filmar, iniciamos a emocionante descida. Sulcos, pedras, bermas inclinadas, declives súbitos, curvas apertadas, tudo é vencido à força de atenção e escolha de caminho e muito travão da frente, aliviando nos momentos certos. Deixo de ver os meus companheiros da frente e começo a ter dificuldade em distinguir o caminho, há sombras que não sei se são pedras, valas ou simplesmente sombras. Estou tramado!
Desventura 3
Os óculos chineses prejudicam a minha visão de pormenor e só penso em tirá-los, começo a não entender nada do caminho que escolho para a Ghost. Mas vamos a descer e não apetece nada parar. Num troço mais perigoso resolvo que é já e desvio a bike do trilho travando a fundo. Azar, resvala-me um pé e caio, sem perigo, no terreno que tinha escolhido. Segundos após chega MontiCadilha e explico-lhe rapidamente o acidente ao mesmo tempo que lhe digo que siga, que vou já atrás. Tiro os óculos, acabo o troço com bicicleta à mão e torno a montar depois para continuar a descer até onde o pessoal resolveu parar, à espera de se decidir o resto da descida. Sem parar, avanço para aquela conhecida rampa bem a pique. Mas já havia muito cagaço no meu bestunto. Ponho as rodas na zona das ervas, para evitar derrapagens, mas acabo por ter de parar para não bater num pedregulho que não tinha visto. Os outros Montis passam por mim, descendo com elegância, e eu acabo a rampa com a bicicleta à mão, com a sensação embaraçosa de andar de cavalo para burro!
Sempre a descer
Torno a montar na Ghost e despachamos o resto da descida até ao alcatrão, onde o trio avançado espera o senior que já demora. Reafirma-se o traçado que vamos fazer: por Bucelas, passar depois por Chamboeira e até ao Parque de Lazer do Cabeço de Montachique. Descemos até à ponte e resolvemos parar mais uma vez. Na ponte está um ciclista "à civil", com uma bike desdobrável e chegamo-nos para apreciá-la, ela tem um ar estranho. Pois claro, tratava-se de uma bike com motor eléctrico destinado a ajudar nas subidas. O senhor era simpático e fomos percebendo que, morador no Zambujal, onde quer que vá tem sempre que gramar uma subida no regresso. Com aquela máquina já se safa perfeitamente nessas subidas e confia nela nas deslocações para perto, evitando usar o carro.
Desventura 4
A Ghost não tem motor eléctrico. Nem tem um descanso retráctil, percebem? Assim o dono dela, o cronista, encostou-a à guarda da ponte sem cuidar bem da sua estabilidade e segurança. Não é que se forma ali uma rajada de vento e atira a Ghost ao chão? MontiVictor levanta-a com desvelo e torna a encostá-la, mais segura desta vez, e regressa de seguida à cavaqueira. Mas temos de andar, pessoal! Todos montam e recomeçam a pedalação mas a Ghost não avança, está como que presa! MontiVictor analisa e conclui que o travão impede a roda de trás de andar. Regressam os companheiros, estranhando mais uma demora do senior, e conclui-se após rápidas observações, que o disco do travão de trás foi empenado na queda da bike. A roda não mexe! Lá se vai o Sabadal, diz MontiCadilha. E todos concluem que sim, não pode deixar de ser. Mas o Luis lembra que se pode sacar o bloco de travagem e libertar assim o disco e a roda. Meu dito, meu feito! MontiVictor fica sem travão traseiro mas pode andar! Conferencia-se uma última vez, já em Bucelas e, na impossibilidade de MontiVictor participar, com a bike diminuida, no projecto inicial, decide-se o regresso a Alverca.
Fim do episódio
A partir daqui a história é simples: o pessoal deixou MontiVictor marcar o ritmo do regresso e assim foi até ao portão da Quinta da Romeira. Aí, bebidas as últimas gotas de água, iniciou-se a subida para o Cabeço da Rosa com a formação inicial, Luis e Cadilha à frente e Victor e Pedro atrás. Subimos sem problemas, reagrupámos lá mesmo no topo, e aí MontiVictor mostrou que não tinha preconceitos com a falta de travão traseiro e atingiu os 57 km/h na descida, optando ainda por desviar para o trilho que vai dar ao Casal das Areias, com muito prazer e sem ocorrências desagradáveis.
Daí foi o regresso a Alverca pela Estrada de Alfarrobeira, Rotunda da Verdelha, Rotunda do Jumbo, variante e fomos, em fim de passeio, fazer todos uma visita ao António da MotoAvenida.
A Ghost ficou internada e faz a operação na próxima semana, meus amigos. Espero tê-la, impecável, para o possível Sabadal de 28JUL.
Claro que chegámos cedinho, eram aí onze e meia (?), tendo percorrido 26,7 km à média de 14,7 km/h.
Não foi um grande sabadal mas foi, mais uma vez, um par de horas de fraterno convívio e demonstração de espírito de colaboração e entreajuda, dons sempre presentes na actividade MontiBiker.
Obrigado companheiros, as minhas desventuras serão apagadas por novas aventuras.
Abraikes.
Victor
Filme MontiBiker
Palavras para quê é o nosso cronista-mor e está tudo dito.
ResponderEliminarAquela ída às ervas sem dúvida que se deveu aos óculos, já sabe para a próxima lentes amarelas ou laranjas.
Uma crónica que foca todos as nossas peripécias, esperemos que a ghostBike já esteja recuperada.
Abraikes
Se calhar já aconteceu mais vezes, mas impressionou-me o facto de a crónica e o vídeo serem muito coincidentes no registo deste sabadal.
ResponderEliminarComo a crónica nasceu posteriormente ao vídeo até poderia ter sido escrita tomando as imagens como guias. Não aconteceu mas o resultado não devia ser muito diferente se tivesse acontecido.
Quanto aos óculos, tem razão Monticadilha na sua sugestão. Veremos se funciona a troca de lentes. No próximo sabadal já se tiram as dúvidas.
E a Ghostbike já teve alta! Apresenta novo disco do travão traseiro, travão da frente com novas pastilhas e rolamentos novos na caixa da direcção. Safou-se bem e está pronta para demonstrar quanto vale!
Morro de sono e vou para a caminha. Esta já não é hora de navegar nem fazer comentários.
Abraikes, pessoal.
O MontiVictor, será que tem algum contrato de exclusividade com o MontiReporter MontiCadilha, nas suas peripécias biciclopédicas? É que ultimamente o men está enquadrado em todas… eh eh
ResponderEliminarAgora percebo, o mal está na bicla… até sozinha… se atira para a tapete… eh eh
E depois tem de ir ao doutor, recuperar e ter alta, para no próximo Sabadal, levar mais uma tareia… ups …. Trate bem da menina…
O MontiVictor, tem que fazer um workshop, em uma qualquer loja chinoca.. coisa rápida… pois os seus óculos ainda devem estar formatados para olhos amarelos em bico… eh eh
Deixa-me preocupado ao ver que há ai um pouco de orgulho, devido a não ter preconceitos em relação ao excesso de velocidade, principalmente quando vai com falta de travão da roda de trás (ou até outro problema mecânico, que seja). A segurança está acima de qualquer pico de adrenalina momentânea… penso eu de que…
A crónica está cada vez mais aprimorada… agora até já se escreve em capítulos…
Está combinado… a próxima crónica… está ao seu encargo… não há melhor…ups
Inté