Caros amigos do pedal. No passado fim-de-semana realizou-se perto da nossa terra mais um passeio épico à borliú, o famoso Arruda dos Vinhos - Serra de Montejunto - Arruda dos Vinhos.
Este seria um dos passeios já apontado no nosso calendário anual, só não se sabia quem iria estar presente, pois alguns elementos estavam com receio que estivesse mau tempo. Pois uma coisa lhes digo, quem já tinha isso no pensamento tinha razão, foi uma dura aventura para ultrapassar. Um de nós não aguentou a pressão e teve de desistir com problemas de cãibras nas pernas.
Bem, mas começando do princípio. Foi marcada para as 7H30 a saída da garagem do prédio nº4, pelos três Montibikers participantes. O rumo seria ao ponto de partida do passeio na Arruda dos Vinhos. Antes da partida iniciou-se o já lendário STRESS na procura de alguma falta de material ou o esquecimento de alguma tarefa normal, mas que nestas alturas fica normalmente esquecida. Depois de terminada a inspecção da lista do material, foi dado o ok e lá partimos para a grande aventura.
À chegada do local observámos que já havia Bikers a fazer os preparativos para iniciarem o trajecto, enquanto outros iam chegando aos poucos. Nós quando estávamos prontos, sabendo que não havia briefing de quem tinha organizado o passeio, pois dois dias antes lembrou-se de cancelar o passeio devido a ser na mesma data de outro oficial. Esta situação não foi esclarecida pelo autor, o que não foi impeditivo de quem o queria fazer. Fomos junto com o grupo dos Kondores, pelo que me apercebi mais tarde não foi de censo comum, pois havia quem tivesse preferência de ir com o grupo do Alvercabike, o que desde já, peço desculpa por me colar aos Kondores. Mais tarde o Alvercabike viria a prestar uma ajuda essencial a um Montibiker em dificuldades.
O princípio do percurso foi calmo mas aos 6 Km iniciou-se um dos grandes empenos nesta jornada, nada que os Montibikers não superassem. O tempo estava a indicar que iria haver chuva, que na noite anterior caiu e bem, prevendo-se que o terreno iria estar em mau estado. Aviso que o nosso MontiFélix já nos tinha dado no jantar de Natal, pois ele já tinha tido uma dolorosa experiência do passeio no ano anterior.
O MontiEmídio, com a teimosia de não querer usar o impermeável, sempre que caía uns pingos, parava para o vestir, o que aconteceu ainda por umas três vezes até que nós o chamámos à razão para ele o vestir e não o tirar como nós o havíamos feito desde a primeira vez que começou a chover, isto porque estava eminente que iria continuar durante todo o percurso. Com estas situações perde-se o ritmo e seria mais difícil para aguentar todo o passeio.
As paragens que houve, foram um pouco exageradas o que se veio a reflectir durante o passeio com o cansaço e dores musculares.
Houve uma subida em que a lama era tanta que me dificultou a progressão ao ponto de ter de parar para tirar a lama dos pneus e do sistema de mudanças. Com esta experiência deu para entender, que os pneus que possuo não são os melhores para este tipo de terreno por serem largos, ao ponto de estarem a milímetros do quadro. Essa situação vai fazer com que a lama no rebordo do pneu se instale mesmo em cima do sistema de mudanças dianteiro, fazendo por vezes a corrente saltar da pedaleira e da cassete.
Uma das imagens que não me saía da cabeça, era de irmos a andar e ao mesmo tempo a ver a Serra de Montejunto lá longe. Nessa altura só pensava na distância que ainda faltava para lá chegar. Neste dia a Serra de Montejunto estava rodeada de nevoeiro, o que dava a sensação que estávamos a subir para as nuvens.
Numa das partes da subida para a Serra, entrámos no percurso da prova oficial, onde quando estávamos a subir eles vinham a descer e quando passámos a descer eles vinham a subir. Havia a preocupação de não haver perturbação das duas partes e portanto acho que não houve acidentes.
Numa das paragens longas que fizemos, foi onde estava uma equipa da prova oficial a parar o trânsito na estrada, para os participantes passarem para os trilhos. Nesse local um dos Kondores vizinho do MontiCadilha e do MontiEmídio apareceu com a bicicleta à mão com uma peça das mudanças partida. Com estas situações por vezes penso na possibilidade de acontecer alguma coisa grave e que não seja fácil de transpor. Também foi nesta paragem que senti pela primeira vez frio no corpo.
A partir daí foi sempre a subir bem e devagar, houve uma altura em que o MontiEmídio (aquele que devia de estar atento ao percurso com o GPS) não se entendeu com o GPS levando-nos por um caminho paralelo ao do percurso, até que conseguimos ver na encosta outros Bikers, esses sim no caminho certo. Tivemos de fazer um corta mato, fazendo falta para o passar uma boa Katana. Lá conseguimos entrar no trilho, mas o MontiEmídio já queria ir novamente em direcção contrária não fosse um Biker a vir na nossa direcção e tínhamos descido para depois subirmos novamente para o caminho certo (já vi que é urgente fazer uma workshop sobre GPS’s).
A subida da parte final da Serra só seria mesmo transposta por um Super Herói, pois era extremamente difícil de ir em cima da Bike, havendo só alguns metros sem dificuldade, que logo de seguida tínhamos de descer delas. Assim foi até praticamente até ao quiosque mencionado pelo organizador dias antes do passeio, em que estaria aberto nesse dia e que tinha umas enormes tostas mistas para quem tivesse fome.
Antes de lá chegar o MontiCadilha já tinha parado de emergência, com dores musculares (cãibras), até teve deitado por momentos no chão (isto relatado pelo MontiEmídio que foi em seu auxílio).
Quando chegámos ao quiosque ainda permanecia o grupo dos Kondores a fazer o seu repasto. Tivemos de estar à espera para pedirmos as tostas e foi aí que estivemos mais tempo parados ao frio. As tostas valeram a espera estavam óptimas mas o corpo ressentiu-se depois para recomeçar o caminho. O MontiCadilha ainda fez uns alongamentos que não surtiram efeito, pois após alguns metros em cima da Bike as cãibras atraiçoaram-lhe novamente, ao ponto de termos de ponderar se ficava ali à nossa espera enquanto íamos buscar o carro à Arruda. A sorte bateu-lhe à porta mesmo na altura certa, porque decidimos ir devagar pela estrada, ao que uns metros mais à frente, encontrámos o grupo do Alvercabike que estava parado a repor energias junto do seu carro de apoio. Fomos ter com eles e perguntámos se podiam dar uma boleia ao MontiCadilha derivado ao estado em que se encontrava, disseram que sim, que não havia problema e a partir daí seguimos com eles o resto do caminho de regresso.
Houve umas descidas vertiginosas em que alcançávamos grande velocidade (estrada), havendo também outras com algum perigo (lama e pedras). Numa delas, onde se encontrava lama, que parecia manteiga, ainda beijei a flor. Outra houve em que depois de uma grande subida comecei a descer de tal maneira rápido, em que pensava que estava dentro do trilho mas não, e só parei quando me apareceu a estrada. Ainda estive à espera do MontiEmídio algum tempo, mas como não aparecia resolvi pôr o percurso no GPS e seguir caminho não fosse ele ter ido pelo caminho certo e estar à minha espera mais à frente, pois o percurso seguia certo poucos metros à frente onde eu estava parado. Logo que dou a curva vejo o carro de apoio do Alvercabike, que estava ali à espera dos seus elementos e onde o MontiCadilha perguntou se sabia do MontiEmídio. Eu como não sabia, julguei que ele ia à minha frente pois estive algum tempo parado depois da descida à espera dele. Como estava com frio resolvi seguir e fui apanhado novamente pelo MontiEmídio e pelos elementos do Alvercabike, não deixando a partir daí o grupo até ao final.
Na Arruda dos Vinhos quando chegámos, já havia muito poucos carros de participantes no passeio, até pensei que seríamos os últimos. Tirámos as fotos finais de grupo e ainda fomos lavar as Bikes a um posto de lavagem de carros, ao lado dos bombeiros, para que não fossem sujas em cima do carro.
E assim foi mais uma aventura bastante dolorosa dos Montibikers, sem consequências muito graves em nenhum de nós.
Espero que tenham gostado do relato,
Abraikes a todos e até já.
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